sábado, 9 de abril de 2011

Quem é


Aristóteles (384-322 a.C)
Natural da Estagira, filho do médico da corte do pai de Filipe, da Macedônia, discípulo de Platão, mestre de Alexandre, fundou seu própio Liceu por volta de 335 a.C; conhecem-se cerca de 500 títulos de sua autoria, dos quais sobrevivem trinta tratados especialmente nos campos da biologia, da zoologia e da política.

O Legado Grego

Político

Alguns estudiosos modernos da Grécia antiga, especialmente desde o surgimento de corporações internacionais como a Liga das Nações e as Nações Unidas, surpreenderam-se com a incapacidade dos gregos clássicos de estabelecerem vínculos de união duradoura entre cidades, com base numa cultura comum, e destacaram que essa desunião política facilitou a conquista e a submissão externas. Pode-se argumentar também que foi precisamente a independência e a rivalidade das cidades que possibilitaram as suas extraordinárias e férteis experiências de democracia.
Estima-se que havia bem mais de mil comunidades gregas distintas e radicalmente diferenciadas , espalhadas pelo mundo grego.
À época de Aristóteles, no século IV, a vasta maioria dessas comunidades desfrutava de alguma forma de governo democrático ou aligárquico- ou seja, versões de autogestão nas quais o poder era depositado principalmente nas mãos da maioria pobre(demos) ou da minoria rica de cidadões adultos do sexo masculino. No entando, depois da morte de Aristóteles, em 322, a democracia virtualmente desapareceu, ou melhor; foi suprimida em todo o mundo antigo. Só reapareceu-sob uma aparência muito diferente- no século XVI. Contudo, quando a ideia de autogestâo popular foi mais uma vez considerada um sistema político sério, ainda que a princípio revolucionario, recebeu o nome de democracia, palavra derivada do grego.

Atena e Aracne

Atena foi desafiada por Aracne, uma presunçosa mortal, numa competição de destreza sobre a tecelagem de uma tapeçaria.

Ambas trabalharam com rapidez e habilidade. Quando as tapeçarias ficaram terminadas, Atena admirou o trabalho impecável de sua competidora, mas ficou furiosa porque Aracne ousou ilustrar as desilusões amorosas de Zeus.

Na tapeçaria, Leda estava acariciando um cisne, animal em que Zeus se transformara para poder entrar no dormitório da rainha casada e fazer-lhe a corte.

Um outro painel era de Dânae, a quem Zeus fecundou na forma de um chuvisco dourado; um terceiro painel representava a donzela Europa, raptada por Zeus disfarçado na forma de um majestoso touro branco.

O tema de sua tapeçaria era a ruína de Aracne, Atena ficou tão enraivecida que rasgou em pedaços o trabalho e induziu Aracne a se enforcar.

Depois, sentindo pena, Atena deixou Aracne viver, e transformou-a em aranha, condenada para sempre a tecer. Observe-se que Atena, muitíssimo defensora de seu pai, a puniu por tornar público o comportamento velhaco e ilícito de Zeus mais do que pelo desaforo do próprio desafio.

Atena, conforme consta nos arquivos mitológicos,nem conheceu homem nem se preocupou por nenhum deles, fosse mortal, semi-divino ou plenamente entronado no Olimpo.

Mas a deusa-virgem também foi a sagrada inventora da maior parte das coisas e dos ofícios úteis para a humanidade que nela confiava. Entre as suas invenções está a fiação e o tecido e, nessas questões, os seus ciúmes profissionais eram tão fortes como os de uma mulher apaixonada no amor.

Pois bem, há um momento na crônica de Atena em que surge a paixão e a divina dama perde o controle dos seus temperados nervos de aço.O caso foi que Aracne, princesa de Lídia, que era uma hábil e primorosa donzela com o tear, elaborou uma tela maravilhosa, que teria que ser a sua última obra.

Atena teve nas suas mãos o pano de Aracne e, à medida que o examinava, crescia a sua irritação, porque o pano da princesa era mais belo do que nenhum que tivesse visto, tão perfeito como se tivesse sido obra dos poderes celestiais. Aquela demonstração de perfeição e arte era demasiada humilhação para a deusa.

Perante o delicado desenho de um Olimpo cheio de quadros plenos de colorido e intenção, em que se descreviam as mais românticas cenas dos povoadores de tão ilustre morada, Atena não soube senão que não devia: destroçar o pano até reduzi-lo a farrapos.

Aracne, dolorida ou aterrorizada pela crueldade da sua rival têxtil, suicidou-se, enforcando-se no teto. A vingança de Atena não terminou com a sua morte e a deusa satisfez-se até o infinito, fazendo com que, a partir desse momento, a pobre Aracne passasse a ser uma aranha, com a sua corda de morte transformada em fio salvador que lhe permitiu desandar o caminho da morte até voltar à vida, embora (isso sim) já convertida num inseto pouco engraçado e ainda menos apreciado.

Zeus, escaravelho e a raposa.

Pensando premiar a astúcia da Raposa, Zeus pensou em dar-lhe a Realeza sobre as feras da Mata. Antes, porém, resolveu fazer um teste para saber se ela teria bastante desprendimento de seus hábitos mais vulgares. Fê-la desfilar no carro da Realeza e mandou um Escaravelho testar se ela resistiria ao hábito de abocanhar besouros que voassem por perto dela. Como era de esperar, ela perdeu a compostura e tentou descer da liteira para pegá-lo. Zeus desistiu e a fez voltar a ser apenas a ardilosa assaltante de galinheiros e ninhos de aves. A moral já a sabemos todos nós: Não é fácil mudar velhos hábitos. ANÁLISE - Revisando esta parábola percebemos que se aplica ao nosso tempo como uma luva à mão: Bolchevistas que eram assaltantes há pouco tempo, jamais resistem a uma bolada brilhante, esvoaçante, besourante acima de suas cabeças, de dinheiro! Mas, por onde andará Zeus? Será que se perdeu no cipoal de tantas liteiras de Raposas que soltou no desfile de Realezas? Ou está reservando um castigo medonho para pegar todas as Raposas de uma vez, conforme prometeu separar o Joio de Trigo? Pensem a sério, pois se a previsão de que o mal aconteceria se cumpre... O final prometido chegará com toda a certeza!

Hélade

Antes do estabelecimento do moderno estado gregos no início do século XIX, a Hélade era uma entidade cultural mais do que estritamente política; algo como a ''cristandade'' na Idade Média, ou o ''mundo árabe'' nos dias de hoje. Definia-se por uma ancestralidade comum (ora genuína, ora inventada); por uma língua comum; e por hábitos comuns-pelos menos rituais religiosos compartilhados.
Por volta de 500 a.C, a Hélade, nesse sentido cultural e não político, estendia-se desde as ''Colunas de Héracles'' ) o estreito de Gibraltar), a oeste, até Colchis (na atual Grécia, na extremidade do mar Negro), a leste. Os gregos, como dizia o Sócrates de Platão, vivam ''como sapos ou formigas em volta de um lago''- ou seja, em volta do mar Mediterrâneo e de sua extensão a nordeste, o mar Negro. Mas só áreas limitadas desse enorme mundo conseguiram-ou impuseram- algo semelhante a unificação política, e apenas por períodos limitados. Entre esses exemplos se inclui boa parte da área grega do mar Egeu( abrangendo também o litoral oeste da atual Turquia) durante a segunda metade do século V, graças ao império contrário aos persas dominado por Atenas; ou a maior parte da Grécia continental e ilhas adjacentes, depois de conquistadas, no século IV, por Filipe e seu filho Alexandre, o Grande, da Macedônia, e seus sucessores helenísticos. Porém, quando o território, por sua vez, foi conquistado pelos romanos, estes seguiram a estratégia costumeira de ''dividir e governar'', e o dividiram em duas províncias, administradas separadamente: Aqueia e Macedônia. Os romanos também absorveram o que restou do mundo de fala grega, que constituía a metade leste do importante império mundial e que eventualmente deu origem ao isolado império bizantino baseado em Constantinopla, embora os bizantinos se intitulassem romanos A antiga Bizâncio, fundada originalmente a partir do território grego continental de Mégara, no século VII a.C, foi renomeado para Constantinopla em homenagem ao seu segundo fundador, Constantino o Grande (morto em 377). A conquista dos turcos otamanos, em 1453, provocou outra mudança de nome, mas até a Istambul turca teima em conservar um traço linguístico grego (-bul, derivado de polis)


SAIBA MAIS:
Todos os que não falavam grego eram rotulados de ''bárbaros'' porque suas línguas eram constituídas de um ''bar-bar'', ou seja, de um balbuciar de sons ininteligíveis.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

O Alfabeto Grego

Por volta do século V a.C, a civilização e a cultura gregas já estavam havia muito estabelecidas. Hoje se sabe que o silabário ( conjunto de unidades que denotam sílabas e não letras individuais) pragamaticamente denominado Linear B codificava uma forma primitiva da língua grega. Por meio desse código, a civilização e a cultura ‘’gregas’’ podem ser reconstituídas, pelo menos desde a segunda metade do segundo milênio a.C. Foram descobertas tabuletas de argila registrando créditos e débitos das economias centralizadas nos palácios de Pilos, Tirinto e Miceneas, no Peloponeso ;Tebas, na Grécia Central ; e Caneia e Cnossos, em Creta. Outras localidades produziram vasilhames para óleo marcados com símbolo do Linear B.
Graças também aos notáveis esforços de arqueólogos de muitos países, e também da própia Grécia moderna, hoje sabemos muito sobre a primitiva civilização grega do final da Idade do Bronze ou ‘’era micênica’’ ( aproximadamente , de 1600 a 1100). O suficiente, por exemplo, para afirmarmos com confiança que essa civilização propiciou o ambiente e a inspiração original para as histórias de arojo heróico preservadas nas mais antigas obras – e obras-primas- da literatura européia : a Ilíada e a Odisseia, de Homero.
Contudo, a arqueologia também nos ensinou que existe um enorme vazio cultural e cronológico entre o mundo do palácio micênico, onde dominavam as figuras literárias de Agamenon e Aquiles , e o mundo da histórica polis, ou cidade grega, onde os épicos homéricos foram criados e acolhidos. Por exemplo, a escrita utilizada para transcrever os poemas homéricos transmitidos oralmente não foi o Linear B, uma escrita tão mal adaptada que transcrever o grego que os símbolos escritos foram complementados por ideogramas explicativos, ou símbolos de figuras. Em vez disso, usou-se um alfabeto tomado por empréstimo aos semitas fenícios do atual Líbano, brilhamentemente adaptado para poder representar completamente todos os sons gregos inclusive as vogais . Enquanto o Linear B era uma escrita de copistas, inventada e usada exclusivamente para manter registros, o alfabeto era potencialmente aberto ao uso de quase todos , homens e mulheres, de classe alta ou baixa, ricos ou pobres, livres ou escravos. Enquanto os escribas do Linear B eram funcionários palacianos, o alfabeto podia ser utilizado para um amplo espectro de expressões escritas, desde obras de literatura, como as de Homero, até leis e tratados públicos e correspondência pessoal.
O alfabeto grego se desenvolveu com numerosas variantes locais, provavelmente em alguma época do século VIII a.C ( 799-700). Foi nos transmitido pelos romanos, que por sua vez o receberam e adaptaram a partir de duas fontes italianas : dos etruscos da atual Tosca a ( que durante certo período do século VI A.c podem até mesmo ter controlado a cidade de Roma) e das cidades gregas da região que veio a ser conhecida como Magna Grécia- ou seja, as cidades situadas em volta da baía de Nápoles e no litoral sul, em torno do ‘’pé’’ da Itália. Na verdade, a atual palavra ‘’gregos’’ é uma versão bastante depreciativa, criada pelos romanos, da palavra Graeci ; até onde se sabe, os gregos sempre se denominaram ‘’helenos’’, embora não haja registro dessa palavra antes dos poemas de Arquíloco de Paros ( e mais tarde, de Tasos), no século VII a.C

Primeira postagem!

Suponhamos que pudéssemos reservar uma passagem na máquina do tempo que nos transportasse para a Grécia antiga, no século V a.C (499-400). Ali, na Ágora ( centro cívico) de Atenas, poderíamos ter encontrado qualquer uma das seguintes personalidades : Alcibíades, Anaxágoras, Aristófanes, Aspásia, Cálias, Cleofon, Cléon, Cratino, Crésilas, Efialtes, Ésquilo, Êupolis, Eurípides, Fídias, Górgias, Heródoto, Hipódamo, Ictnio, Isócrates, Milcíades, Parrásio, Péricles, Platão, Polignoto, Protágoras, Sócrates, Sófocles, Tucídies, Xenofonte, Zêuxis. Nem todos eram atenienses natos, mas todos estimularam e também contribuíram de algum modo para a enorme energia liberada por esse pequeno caldeirão de cultura e política.
Hoje nem todas essas figuras são nomes familiares. Mas o que surpreende verdadeiramente é que muitas ainda o sejam, apesar das tentativas constantes de se depreciar - e diminuir- o estudos dos antigos clássicos gregos e romanos como assunto da educação atual.
Esses povos ajudaram a estabelecer os alicerces políticos, artísticos, culturais, educacionais, filosóficos e científicos sobre os quais se baseou desde então boa parte da civilização e da cultura ocidentais subsequentes . Não admira que o ateniense Platão, nascido no final do Século V, intistulasse de ''Sede de Sophia'' a gloriosa Atenas da sua juventude ( sophia significa, ao mesmo tempo, sabedoria téorica e prática). Não admira também que os próprios atenienses gostassem de ouvir elogios à sua Atenas '' coroada de violetas '' nas obras dos poetas líricos, como Píndaro de Tebas, e dos poetas trágicos, como Eurípides . Também não admira que no século XIX e no início do século XX, europeus e americanos da educação clássica achassem natural louvar '' a glória que foi a Grécia'' - na famosa expressão da Ode a Helena, de Edgar Allan Poe